Já que eu não sei mais dormir, falo de amor

Eu quero falar de amor, caso não tenha ficado claro no título. Mas não de amor fraternal, compaixão, ou amor companheiro. Esses amores vêm em tons-bebê. Eu quero falar de amor-paixão, que quase não se diferencia de uma dor constante. Não por falta, não por sofrimento... acho que o que dói é sentimento excessivo num compartimento só. É nesse amor, de efeitos colaterais similares a um dia de exagero num rodízio, que eu estou pensando há uma meia hora.

Penso o seguinte: A percepção do amor lembra muito a percepção de uma droga - favor lembrar que tudo o que eu digo aqui é na minha visão, eu nunca presumi ser mais certo do que qualquer outro em nada. Quando você não está amando, o amor parece uma coisa meio descabida; você tem a recordação de que é uma sensação boa, e válida, até, mas algumas coisas não se encaixam muito bem. É extremamente difícil raciocinar sobre a sensação de amar, pois, por mais que você se lembre das suas experiências amorosas, nunca consegue reproduzir conscientemente a emoção.

Eu lembro do desejo intenso, do arrebatamento, da quase-obsessão, mas não lembro do maldito gosto do amor.

Toda essa linha de raciocínio veio de um acontecimento, na verdade. Eu senti, agora há pouco, o gosto do amor. Mas foi um lapso tempo-sensorial, tão intenso que eu fiquei sem ar, um tantinho desnorteado. Por um lado foi bom, é uma sensação tão forte que é mais acidente do que sentimento. Por outro, eu fiquei querendo um pouco mais, já que esse lapso, apesar de bastante verdadeiro, foi completamente artificial.

Mas assim é melhor. Acho que nós somos programados a não sentirmos o gosto do amor por um bom motivo. O amor é uma ligação, um fluxo de atenção e vontade. Se nós fôssemos capazes de sintetizar o amor em nossas cabeças, sem um alvo definido, teríamos um entre os dois fins a seguir:

1.


























2. Aprenderíamos a viver sós.







xeque: Será que algum dia eu dormirei à noite de novo?

2 comentários:

Guimarães disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Guimarães disse...

Gostei muito da abordagem e das duas
teses finais também.