Enquanto ouço "Caminho das Índias" numa noite fervente

É fato, eu não sei ouvir "não". Mas discordo dos que pensam que isso é uma coisa ruim. Confunde-se muito essa característica com teimosia ou falta de bom senso, quando, na minha opinião, pode-se aplicá-la muito bem na forma de perseverança. Não aceitar um "não" no caminho A pode vir a ser o vislumbre de um caminho B.
Percebi isso hoje, jantando. Como sempre, eu me digladiava com o meu pai: ele tentava me convencer a ser uma versãozinha da sua própria pessoa; eu tentava convencê-lo de que prefiro ser eu mesmo (e olhe lá que eu não sou tão meu fã assim). Em um determinado momento, cansado de discutir, eu disse "Tudo bem, todos os planos que eu fiz para mim mesmo, tudo que eu sempre quis ser, todas as reformas pessoais às quais eu me predispus, eu abro mão. Desisto, vou simplesmente aceitar que eu sou quem eu sou, eu tenho o que eu tenho, e me contentar com isso. Se Deus (¬¬) quiser me dar algo, ótimo, se não quiser, uma pena." Impressionantemente, meu pai não percebeu o tom de extremo desgosto com o qual eu falei essas palavras. Não posso nem culpar ele, na verdade, porque foi uma ironia tão intensa que soou muito mais como pura agressividade. Mas meu pai não é o primeiro a aconselhar esse tipo de comportamento. Inúmeras vezes eu já ouvi referência, de diversas pessoas, a esse comodismo determinista, confortável e imbecil, como sendo um caminho interessante a ser seguido.
Infelizmente (para tais pessoas), eu não nasci assim. Que fique claro, de hoje até o fim dos tempos (ou do blog), que a única coisa com a qual eu me conformo verdadeiramente é o meu código genético.
1. Porque eu acho que nasci com bons genes.
2. Porque ninguém mais pode mudar isso também, então me conforta estar no mesmo barco do resto da humanidade.
3. Porque eu sei que dá pra fazer pequenos ajustes, nem que sejam superficiais.
4. Porque é muito possível que, no futuro, dê pra mudar isso também.
[continuando] O resto, eu mudo. Todo o resto está à mercê da minha vontade e da minha potência intelectual, e eu não quero saber se o mundo acha o contrário. Eu mudo a minha personalidade, o meu comportamento, o meu jeito de andar, os meus gostos, as minhas habilidades e vocações ao meu bel-prazer. Afinal, não é a primeira vez que eu tenho que achar caminhos alternativos ao A.

1 comentários:

Isadora disse...

Angela bismarchi também fez pequenas mudanças hahahahahahahaha

Beijo, mains