Post número X

Tudo bem, é até bom ter esse espacinho aqui, pronto para um ataque meu de despejo intelectual. =]

Essa semana foi particularmente terrível. Não por motivos óbvios, nunca são, e sim por motivos que nem eu sei dizer exatamente. Essa semana eu passei por uma sensação de completo descompasso, eu acho. Acredito que o siri se sinta assim antes de trocar de casca (se é que um siri troca assim de casca, não assisto Discovery Channel pra saber), completamente incabível no próprio mundo. O siri tá lá, pensando que tá tudo muito gostosinho e adequado, quando, de repente, acorda numa bela manhã se sentindo levemente apertado na própria pele. Ao fim da semana, o pobre siri tem poucas opções:
- Adaptar a sua casca
- Explodir
- Esperar tudo se resolver sozinho, deixa a Mãe Natureza inventar alguma resposta
- Matar algum coleguinha marinho

Foda, siri.

Eu li, alguma vez, que isso era inerente ao meu signo, essa coisa de revoluções internas periódicas. Nada preocupante, seria só uma forma de se manter reciclado, tipo dar uma afastada da própria realidade pra verificar se tá tudo em ordem mesmo. Como eu acredito cada dia menos em astrologia & estou sem paciência pra porra de verificação existencial, declaro: É só uma semana podre, mesmo.



Grato, your friendly neighborhood, Spider-bodo

Eu escrevi umas 30 linhas e acabei de apagá-las. Escrevia sobre justamente isso, as minhas vontades drásticas de resolver coisas com bombas, ao invés de diálogos.
Tudo bem, dessa vez passa, mas eu preciso começar a ser menos auto-indulgente.







xeque: Quando Heidi Klum se despede no reality show de moda dela, ela deseja um "Auf Wiedersehen". Se eu, no lugar dela, dissesse "Valeu Galhiera!", ia ser avacalhado. Alemão é glamouroso desde quando?

Já que eu não sei mais dormir, falo de amor

Eu quero falar de amor, caso não tenha ficado claro no título. Mas não de amor fraternal, compaixão, ou amor companheiro. Esses amores vêm em tons-bebê. Eu quero falar de amor-paixão, que quase não se diferencia de uma dor constante. Não por falta, não por sofrimento... acho que o que dói é sentimento excessivo num compartimento só. É nesse amor, de efeitos colaterais similares a um dia de exagero num rodízio, que eu estou pensando há uma meia hora.

Penso o seguinte: A percepção do amor lembra muito a percepção de uma droga - favor lembrar que tudo o que eu digo aqui é na minha visão, eu nunca presumi ser mais certo do que qualquer outro em nada. Quando você não está amando, o amor parece uma coisa meio descabida; você tem a recordação de que é uma sensação boa, e válida, até, mas algumas coisas não se encaixam muito bem. É extremamente difícil raciocinar sobre a sensação de amar, pois, por mais que você se lembre das suas experiências amorosas, nunca consegue reproduzir conscientemente a emoção.

Eu lembro do desejo intenso, do arrebatamento, da quase-obsessão, mas não lembro do maldito gosto do amor.

Toda essa linha de raciocínio veio de um acontecimento, na verdade. Eu senti, agora há pouco, o gosto do amor. Mas foi um lapso tempo-sensorial, tão intenso que eu fiquei sem ar, um tantinho desnorteado. Por um lado foi bom, é uma sensação tão forte que é mais acidente do que sentimento. Por outro, eu fiquei querendo um pouco mais, já que esse lapso, apesar de bastante verdadeiro, foi completamente artificial.

Mas assim é melhor. Acho que nós somos programados a não sentirmos o gosto do amor por um bom motivo. O amor é uma ligação, um fluxo de atenção e vontade. Se nós fôssemos capazes de sintetizar o amor em nossas cabeças, sem um alvo definido, teríamos um entre os dois fins a seguir:

1.


























2. Aprenderíamos a viver sós.







xeque: Será que algum dia eu dormirei à noite de novo?

Um post para esquecer o anterior

Aos 4 anos eu queria saber o que é a morte.
Aos 7 eu morria de medo da mesma.
Aos 10 anos tudo o que eu queria era beijar uma menina.
Aos 11 anos eu tive essa experiência.
Aos 12 anos tudo o que eu queria era me encaixar.
Aos 14 eu ainda não havia me encaixado.
Aos 16 descobri que me desencaixar mais ainda seria muito mais legal.
Aos 17 me desencaixei.
Aos 18 eu estava tão desencaixado que me senti perdido.
Aos 19 eu aprendi a chorar de rir mais do que chorar de chorar.
Aos 20 eu finalmente descobri que poderia ser quem eu quisesse ser.
Às vésperas dos 21, tudo que eu queria agora era tomar um cafezinho.


Eu acho que eu escrevo demais sobre mim. Tudo bem, esse É um blog sobre mim mesmo, mas quem sabe um dia desses eu escrevo flyers com aquelas mensagenzinhas crentes e saio vendendo a 50 centavos no rio vermelho? Pô, se eu conseguir vender uns cinco já tô no lucro. E ainda pago o meu cafezinho.

xeque: Lei de Murphy, eu te odeio.


Agora há pouco eu tive o grandessíssimo prazer de assistir à única entrevista televisionada de clarice lispector. Tudo graças à indicação de Vaca. Não vou mentir que eu estou experimentando um pouco de raiva dela. Nada que ela tenha feito ou sido, nunca disso. Sinto um pouco de raiva por me enxergar tanto nela. Eu posso estar sendo absolutamente inverídico, mas eu enxerguei nela um grande dificuldade de domar os próprios pensamentos. Fora a dificuldade fonética óbvia, mecânica, me parecia que ela sentia e pensava 150000 vezes mais do que conseguia falar, e eu tenho uma idéia clara de como isso é torturante.
A raiva vem do fato seguinte: Clarice Lispector sabia verter em um papel qualquer sentimento. E mesmo que o mesmo não fosse vertido com precisão, era preciso o suficiente para trazer-lhe paz de espírito. Ou, pelo menos, é o que ela afirma. Ela conseguia se contentar com um rabisco de uma frase num pedaço de papel, que futuramente viria a amadurecer em forma de um conto ou uma crônica. Eu mal consigo postar nesse blog, e tudo o que eu escrevo me traz muita raiva, por nunca ser precisamente o que eu quero dizer.
Vai ver essa minha relação platônica com as palavras é o que sempre me impediu de desencantar a minha capacidade de escrita (eu imagino ter alguma). O pior é que eu sei que noites como essa, insones e terrivelmente longas, são o prelúdio de dias de ações, dias de palavras ofuscadas como estrelas, por um sol de vida vivida. E a conclusão do que iniciou esse reles texto vai ser postergada ainda e ainda.